São Nicolau, o Milagroso (Taumaturgo)
São Nicolau viveu há muito tempo – já no século IV – mas ainda hoje é um dos santos cristãos mais conhecidos e venerados em todo o mundo. Ele é padroeiro de países tão diversos como Grécia, Rússia e Holanda, além de grandes cidades como Nova York e Moscou. O Dia de São Nicolau é celebrado como feriado em partes da Itália e da Alemanha. O que faz com que a memória de São Nicolau perdure tanto?
O que mais me impressiona é como sua veneração é pessoal para tantas pessoas. Sabemos que ele viveu em uma época difícil, quando os cristãos ainda eram severamente perseguidos em muitos lugares. Quase todos os santos daquela época eram mártires, mas ele não foi. São Nicolau é lembrado como um pastor bondoso e generoso para com seu rebanho. Famílias que investigam suas árvores genealógicas muitas vezes encontram Nicolaus e Nikolais entre seus ancestrais. Viajantes, enfermos, crianças, recém-casados e famintos rezam a ele, obtendo sua intercessão, alívio e resgates milagrosos.
Muitas irmãs do Convento de Santa Elisabete invocaram seu nome nos momentos mais difíceis de suas viagens e foram poupadas de grandes infortúnios. Quando a pandemia de COVID-19 atingiu o mundo, foi ele quem lhes deu força para superar o flagelo. Fiquei impressionado com a generosidade de São Nicolau ao ler a história de seu presente para o pai de três filhas. Essa era uma família outrora rica, que de repente caiu na pobreza. Sem dotes, as filhas não poderiam se casar e enfrentavam um futuro de escravidão ou, possivelmente, prostituição. São Nicolau, à noite, jogou pela janela da casa três bolsas de ouro de sua herança, permitindo que as filhas se casassem.
Passei a enxergar essa história sob outro ângulo quando um dos meus filhos me fez aquela pergunta difícil: “Papai, o Papai Noel é real?” O que eu poderia responder sem magoar meu filho e sem mentir? Agora sei. São Nicolau deu seu nome ao Papai Noel. Como ele, colocava presentes discretamente, mas o fazia por modéstia e amor a Deus. Para muitos, seus presentes eram uma questão de vida ou morte e uma resposta a orações fervorosas.
À medida que aprofundava minha leitura sobre a vida de São Nicolau, minhas descobertas continuavam a me surpreender. Uma, em particular, me marcou profundamente: viver com Cristo e ter fé Nele proporciona verdadeira liberdade, autossuficiência e independência.
(Outro ícone de São Nicolau, o Taumaturgo, pintado no Convento de Santa Elisabete).
São Nicolau nasceu em uma família abastada, herdou uma grande fortuna, mas a distribuiu entre os pobres. Ensinava que dinheiro e riqueza não garantem segurança na vida, mas viver com Deus sim. Ele fazia o bem em segredo, evitando os louvores humanos. Suas boas ações não dependiam da opinião alheia; agradar a Deus e cumprir Sua vontade era o que importava.
Sinceramente, ainda não estou preparado para doar meus bens aos necessitados. Mas, para mim, a celebração da vida de São Nicolau é uma oportunidade de me perguntar novamente: quanto eu realmente desejo aquela promoção? Estou buscando um bônus ou mais dinheiro para comprar coisas? E o que estou disposto a sacrificar por isso? Rezo para que, um dia, eu finalmente coloque meus desejos mundanos no lugar certo na minha hierarquia de valores.
São Nicolau viveu segundo os mandamentos de Cristo: “Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, pois serão saciados. Bem-aventurados os misericordiosos, pois obterão misericórdia. Bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça, pois deles é o Reino dos Céus.” (Mateus 5:6-10). Reconhecemos Cristo em São Nicolau e, ao fazer isso, aprendemos a enxergar Cristo nos outros.
Vemos Cristo quando reconhecemos a bondade em nosso próximo e a imagem de Deus nele. Fazemos isso ao perdoar, dar esmolas e praticar a caridade sem esperar nada em troca, e ao deixar o amor de Deus reinar em nossas famílias. São Nicolau continua a nos ensinar lições valiosas e tem muito a oferecer às pessoas de hoje e às gerações futuras.