Santa Catarina de Alexandria
Breve Hagiografia:
Catarina nasceu no ano 287, em Alexandria (no Egito). Era filha do imperador Costes e da imperatriz Sabinela. Com a morte do pai, a imperatriz Sabinela mudou-se com a filha para a Cilícia (na Turquia), onde converteu-se ao cristianismo por influência de Ananias, um ermitão que por lá vivia. Nessa época, Catarina possuía 8 anos de idade e, rapidamente, tornou-se conhecida na região por sua sabedoria e beleza. Com o passar dos anos, tornou-se grande defensora da fé cristã.
Aos 12 anos de idade, Catarina teve um sonho no qual Jesus apresentava-se a ela e dizia que, daquela data em diante, Catarina seria sua noiva e, por esse motivo, não deveria entregar-se a nenhum outro homem. Dizendo isso, entregou-lhe um anel de noivado. Ao acordar, na manhã seguinte, Catarina contou o sonho à mãe, que, tomando-o sonho como um sinal, mandou confeccionar um anel. Daquele momento em diante, Catarina passaria a denominar-se a Noiva de Cristo.
Catarina tornou-se cada vez mais conhecida e admirada por sua inteligência, simpatia, sabedoria, beleza e eloquência. Contudo, todos esses atributos despertaram o interesse do então imperador de Alexandria, Maximino Daia, o qual perseguia cristãos em todo o seu império. Com o intuito de desposá-la, o imperador convidou-a para um debate com alguns de seus maiores sábios. Caso Catarina saísse vencedora do debate, teria o privilégio de professar sua fé em Cristo por todo o reino de Alexandria.
Catarina, com 17 anos de idade, aceitou o desafio para debater com os sábios selecionados pelo imperador. Ao fim desse debate, Catarina os converteu à fé cristã. Maximino ficou enfurecido com o resultado e ordenou que todos os sábios fossem queimados em praça pública e que Catarina seria imediatamente presa.
Nesse momento começava o martírio de Catarina. Primeiro foi
aprisionada em uma masmorra, onde era humilhada, espancada, chicoteada e
ridicularizada. Nesta condição, Catarina permaneceu por dois anos, sendo
constantemente martirizada pelos soldados que cumpriam as ordens do imperador,
o qual desejava desposá-la e tê-la como súdita obediente aos seus costumes e
deuses.
Maximiano, atendendo aos conselhos de novos sábios, condenou
Catarina ao suplício da roda (o qual consistia em um conjunto de quatro rodas,
que giravam em sentido contrário umas das outras, recobertas com lâminas em
forma de garras, dilacerando o que havia em seu caminho).
O enfrentamento dessas circunstâncias e a manutenção de sua fé,
tornou-se prova da devoção que Catarina possuía por Cristo. Ao ser levada para
a praça onde seria supliciada pelas rodas, Catarina orou para que o instrumento
de martírio fosse destruído pelas mãos divinas e para que nenhum outro cristão
padecesse por ela. Após o término de suas preces, conta-se que um raio destruiu
as rodas, matando os soldados que a carregavam.
Irritado com esse desfecho, o imperador Maximino enviou Catarina
à prisão por mais 12 dias, sem água e comida para que, ao final desse período,
ela se entregasse a ele. Entretanto, diferentemente daquilo que o imperador
desejava, Catarina permaneceu fiel à sua fé e negou-se a tornar-se esposa do
imperador ou mesmo a ajoelhar-se aos deuses dele. Com isso, Maximino ordenou a
decapitação de Catarina, no dia 25 de novembro de 305.
As Relíquias:
O processo de transferência das relíquias de Santa Catarina de Alexandria para Florianópolis foi deflagrado em 29 de maio de 2000. Naquele dia, o governador Esperidião Amin recebeu no Palácio do Governo (atual Fórum Eduardo Luz) uma comitiva da Igreja Ortodoxa Grega, liderada pelo arcebispo de Buenos Aires, monsenhor Gennadios, que veio ao Estado para celebrar as festividades em honra à Santa Catarina. Cerca de dez pessoas participaram do encontro.
A ideia inicial lançada pelo governador era de tentar obter algum objeto material usado pela Santa, se existisse, ou uma peça artístico cultural do acervo do Monastério no Monte Sinai (Egito).
A visita da maior autoridade da Igreja Ortodoxa na América Latina transformou a proposta inicial numa solicitação mais ambiciosa: Seria possível que a Igreja providenciasse a transferência de uma relíquia de Santa Catarina? – indagou o monsenhor Angelos, com aval do governador.
O Arcebispo admitiu apenas a hipótese de exame da reivindicação dos catarinenses e solicitou ao governador Esperidião Amin que formalizasse o pedido em carta dirigida ao Patriarca Ecumênico Bartolomeu de Constantinopla. A mesma solicitação seria encaminhada ao arcebispo Damião, principal autoridade do Monastério Ortodoxo de Monte Sinai.
A partir daí o Monsenhor Angelos Kontaxis assumiu a coordenação de todos os contatos: reuniu-se com o ex-deputado Nelson Pedrini, assessor direto do governador, definindo os termos das correspondências protocolares.
No dia 13 de junho do ano 2000, o governador Esperidião Amin entregou a carta dirigida ao arcebispo Gennadios, de Buenos Aires. Monsenhor Angelos providenciou a versão em grego e despachou o documento para Constantinopla. As duas cartas, com versões diferentes, foram remetidas ao Patriarcado Ecumênico de Constantinopla, por meio da Arquidiocese de Buenos Aires. Nada aconteceu até meados de setembro daquele ano, o que deixou o Monsenhor bastante aflito, motivando uma audiência sua com o governador do Estado.
No dia 29 de setembro, o Cerimonial do Palácio do Governo cuidava dos preparativos para as comemorações do Dia de Santa Catarina, em 25 de novembro. Monsenhor Angelos foi convidado a participar da reunião para informar como estavam as tratativas acerca da relíquia da padroeira.
Conversando com o Arcebispo Gennadios, em Buenos Aires, Monsenhor Angelos foi aconselhado a entrar em contato direto com as autoridades do Monte Sinai, a fim de tratar de viagem ao Egito, para efetivar a transferência da relíquia. Em contato telefônico com o arcebispo Damião, que se encontrava em viagem à Atenas, Monsenhor Angelos falou da inauguração do monumento a Santa Catarina idealizado pelo artista Rodrigo de Haro, que seria construído na Praça Tancredo Neves, e forneceu outras informações que fundamentavam o pleito.
– Vai ser muito difícil conseguir uma relíquia. O senhor vai ter que discutir com 25 monges – foi a resposta inicial.
Monsenhor Angelos não esmoreceu. Ligou imediatamente para o Monastério, no Monte Sinai. A conversa telefônica da Igreja Ortodoxa de Florianópolis com o Monastério durou cerca de uma hora.
Para autorizar a transferência da relíquia para o Estado, seria indispensável que houvesse uma capela ecumênica de fácil acesso ao público para recebê-la.
A agenda do Palácio do Governo mantém o registro de audiência concedida pelo governador Esperidião Amin ao Monsenhor Angelos.
Naquela ocasião, foi feito um relato minucioso sobre os termos negociados com o Monastério e a decisão de autorizar a transferência da relíquia.
Entusiasmado, o governador realizou doação para o monastério, ofereceu um pequeno presente pessoal e determinou aos auxiliares que providenciassem algumas lembranças aos monges do monastérios: uma imagem de Cristo esculpida em madeira por um artista catarinense de Treze Tílias, uma bandeira de Santa Catarina e mapas do Brasil e do Estado foram entregues ao Monsenhor Angelos.
Marcos Bayer, da Assessoria Internacional do Palácio do Governo, enviou um fax ao embaixador do Brasil, no Cairo, inteirando-o da missão de Monsenhor Angelos e pedindo apoio logístico durante sua permanência no Egito.
No dia 12 de outubro de 2000, Monsenhor dirigiu-se ao Aeroporto Internacional Hercílio Luz, acompanhado do médico Dr. Savas Pítsica e de Siríaco Diamantaras. Embarcou às 5h30 para São Paulo, onde foi saudado pelo Vigário-geral do Brasil Monsenhor Nectários, e por Padre Basílio Lima. De São Paulo partiu para o Cairo, com escala em Frankfurt, na Alemanha.
Monsenhor Angelos em Monte Sinai
Na capital egípcia a recepção ficou a cargo da representação diplomática brasileira. Uma carta pessoal de boas vindas do embaixador Celso de Souza foi entregue ao visitante. Um veículo oficial conduziu Monsenhor Angelos à Igreja de Santa Catarina, no Cairo, onde fez passagem rápida. Logo após visitar a igreja, viajou por seis horas e meia, chegando finalmente ao destino, depois de parar num oásis, onde bebeu água e encontrou-se com beduínos.
O boletim da Igreja Ortodoxa Grega em Florianópolis publicou um pequeno relato de Monsenhor Angelos:
Primeira visita:
Atravessamos o Nilo, mais de 130 Km, depois cruzamos o Canal de Suez. Percorremos 340 quilômetros, muitos deles ao lado do Mar Morto. As estradas são boas e largas. Mas é tudo deserto, exceto um oásis a alguns quilômetros antes do Monastério, onde paramos um pouco para descansar e beber água fresca.
Chegamos ao Monastério depois das 21:30 horas. Tudo escuro, tudo em silêncio absoluto. A primeira impressão é da santidade do lugar. O monastério [é] rodeado de enormes montanhas. Senti-me perto de Deus com o total silêncio e as estrelas brilhando a céu aberto. Fui conduzido, então, à hospedaria dos visitantes, fora das muralhas do monastério e, cansado, depois de 48 horas de viagem, descansei.
Acordaram-me às 4:30 horas no sábado para assistir à missa até às 8:00 horas. Após a celebração fui recebido calorosamente pelo Arcebispo Damião, que, de braços abertos, transmitiu a saudação em nome dos 25 padres, monges e principiantes.
Seguiram-se os atos de praxe. Foram entregues aos monges as doações arrecadadas em Santa Catarina, uma escultura de Cristo, presenteada pelo governo do Estado, e a bandeira de Santa Catarina. Foram dadas explicações a respeito da localização do Estado no Brasil, bem como a posição geográfica e características de Florianópolis.
Os monges rejeitaram, de imediato, a ideia de se construir um memorial para receber a relíquia.
A proposta de um espaço reservado no Palácio do Governo de Santa Catarina também foi negada.
O Arcebispo Damião insistiu que seria favorável ao pedido do governador somente se relíquia fosse abrigada em uma capela ecumênica.
Neste caso, a transferência da relíquia dependeria, portanto, de ações que deveriam ser efetivadas pelo Estado de Santa Catarina, quais sejam:
- A construção de uma capela com o nome da padroeira;
- A assinatura de um DOCUMENTO DE RESPONSABILIDADE DA IGREJA E DA COMUNIDADE HELÊNICA DE FLORIANÓPOLIS, e
- A comprovação de medidas adequadas de guarda, segurança e acesso ao público.
Atendidas as exigências formuladas pelos monges, decidiram oferecer aos catarinenses um pequeno pedaço de osso da costela de Santa Catarina.
No dia 16 de outubro de 2000, Monsenhor Angelos realizou o sonho acalentado por todos os peregrinos que visitam o Monastério: subir até o cume do Monte Sinai, pisando no local onde Moisés, conforme a tradição cristã, teria recebido os Dez Mandamentos. Além do Monte, Monsenhor visitou também dois monastérios de femininos e alguns lugares históricos sagrados.
O retorno ao Cairo deu-se sob sol intenso, muito calor e cenas insólitas como a passagem por 30 barreiras do exército egípcio, isso porque haviam ocorrido graves incidentes no território palestino.
O embaixador do Brasil no Egito, Celso de Souza, foi o primeiro a reverenciar a relíquia, a qual seria acondicionada, na cidade do Cairo, em uma caixa bastante delicada e com acabamento dourado.
O desembarque do Monsenhor Angelos em Florianópolis ganhou destaque no periódico Diário Catarinense, em sua edição de 22 de outubro de 2000, com as seguintes afirmações:
De um sarcófago de mármore instalado no interior da igreja do Monastério de Santa Catarina, localizado ao pé do Monte Sinai, no nordeste do Egito, Monsenhor Angelos Kontaxis, pároco da Igreja Grego-Ortodoxa do Brasil em Florianópolis, trouxe preciosas relíquias de Santa Catarina de Alexandria, a padroeira do Estado e da Arquidiocese (Católica Romana) de Florianópolis.
Quando desembarcou no Aeroporto Internacional Hercílio Luz, às 11h00, em uma sexta-feira, Monsenhor Angelos transbordava emoção. Ele não conseguia esconder a euforia de um feito inédito. Conseguimos, graças a Deus! suspirou para um pequeno grupo de cristãos ortodoxos que foram recepcioná-lo no aeroporto.
A apresentação ao governador Esperidião Amin aconteceu após visita de Monsenhor Angelos no Palácio Santa Catarina, no dia 27 de outubro, num clima de confraternização. Na ocasião, o chefe do Executivo foi homenageado com uma medalha contendo a imagem de Santa Catarina.
Com a Igreja São Nicolau repleta de fiéis, apesar de ser uma segunda-feira, ocorreu a cerimônia em homenagem a Santa Catarina. Nesta cerimônia estavam presentes o governador Esperidião Amin, sua mãe, dona Elza Amin, e o presidente do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, Des. Francisco Xavier Medeiros Vieira. A cerimônia seguiu o ritual grego-ortodoxo-bizantino. Naquela ocasião foi anunciada a decisão do Judiciário de construir uma capela que guardaria a relíquia de Santa Catarina.
A inauguração da capela e a recepção da relíquia aconteceram no dia 23 de novembro de 2001, como parte da programação do Dia de Santa Catarina.
A capela, também conhecida como Capela Ecumênica do Tribunal de Justiça, teve seu uso regulamentado pela Resolução GP n. 46/2001, de 5 de novembro de 2001, durante a presidência do Des. Francisco Xavier Medeiros Vieira.
A Capela Ecumênica Santa Catarina de Alexandria
A Capela Ecumênica de Santa Catarina de Alexandria do Tribunal de Justiça do Estado de Santa Catarina foi construída para abrigar a relíquia de sua padroeira e proporcionar aos seus visitantes momentos de paz, reflexão e diálogo.
Com seus três altares – o central, onde encontra-se o crucifixo; o lateral direito, que guarda a relíquia de Santa Catarina de Alexandria, padroeira do Estado; e o lateral esquerdo, que serve de apoio para a Bíblia Sagrada – esta capela se configura em um pequeno refúgio no meio urbano da capital catarinense.
Trata-se de uma obra do arquiteto Aldo Luiz Eickhoff e sua construção lançou mão da técnica de argamassa armada. Toda a obra foi supervisionada pelo professor Vilson Teixeira de Jesus, da Universidade Federal de Santa Catarina.
As formas arquitetônicas da capela remetem o espectador a, pelo menos, duas possíveis interpretações: a de várias mãos unidas em oração e aquela em que cada parte de concreto que forma a capela representa um dos cinco continentes, os quais, no topo da construção, se unem todos em harmonia e paz.
Em seus 42,3 metros quadrados, pode receber até 37 pessoas sentadas.
Fonte: TJ/SC – com edição e destaques em negrito por Pe. André Sperandio.
Igreja Ortodoxa Grega de São Nicolau de Florianópolis guarda relíquias de Santa Catarina trazidas do Monte Sinai, Egito
Existem duas relíquias de Santa Catarina no estado. Uma delas encontra-se na Igreja Ortodoxa Grega São Nicolau, no centro de Florianópolis; a outra, na capela a ela dedicada, construída para guardar suas relíquias, em frente ao Tribunal de Justiça de Florianópolis.
A história da chegada das Relíquias
Em 1999, Dom Gennadios, Arcebispo grego ortodoxo da América do Sul, já próximo da idade de se tornar emérito, decidiu fazer uma visita pastoral às comunidades do Brasil. No roteiro estava a comunidade de São Nicolau, da Ilha de Santa Catarina (Florianópolis). Na agenda oficial, Mons. Angelos Kontaxis, reitor paroquial, havia incluído uma visita protocolar ao então governador do Estado, Dr. Esperidião Amin, no Palácio do Governo, à época, situado em frente a sede do Poder Judiciário. Durante uma conversa informal, ao fim da reunião, Dom Gennadios indagou o governador sobre o nome dado ao nosso Estado, que motivações teriam levado à escolha da Santa como patrona. O governador mencionou, então que teria sido dado em 1526 pelo navegador Sebastião Cabotocomo homenagem a sua esposa que se chamava Catarina e também porque era 25 de novembro, dia de Santa Catarina de Alexandria (1), ao que um dos membros da comitiva comentou que o corpo da Santa encontrava-se preservado no Egito, guardado pelos monges da comunidade monástica do Monastério a ela dedicado, aos pés do Monte Sinai. Um representante do executivo perguntou então sobre a possibilidade de conseguir que o Monastério presenteasse o Estado com uma relíquia de sua padroeira. Dom Gennadios assumiu a missão, dispondo-se a fazer os contatos com o Bispo-abade do Monastério neste sentido. Tudo encaminhado com êxito, o designado para buscá-la no Egito foi Mons. Angelos Kontaxis, Reitor Paroquial da Igreja Ortodoxa Grega de Florianópolis.
Mons. Angelos havia chegado ao Brasil em 1950, fixando-se no Rio de Janeiro. Após assistir ao golpe militar, exilou-se nos Estados Unidos em 1966, onde passou a trabalhar em Chicago com serviço social. Depois, saudoso do país, voltou ao Rio de Janeiro em 1991 e, assustado com o aumento da criminalidade, procurou, em 1992, a cidade de Florianópolis, parecida com o Rio de Janeiro que deixara 31 anos antes, assumindo a reitoria paroquial da comunidade de São Nicolau. Poliglota, foi enviado para tratar com os monges do monte Sinai.
Em outubro de 1999, com auxílio financeiro do Estado, Mons. Angelos Kontaxis embarcou em uma viagem de dois dias com destino a cidade do Cairo, capital do Egito. Depois, percorreu de automóvel aproximadamente oito horas até alcançar o Monastério, na cidade de Santa Catarina de Alexandria, ao sul da península do Sinai, levando consigo bandeiras e suvenires de nosso estado.
À sua espera, abade Damaskinos, do Monastério, logo foi pondo à disposição o regalo:
— Padre Angelos, aqui está o ícone para sua igreja!
— Han … deve haver um pequeno engano, disse o Monsenhor. Não é para a igreja, mas para o governo de nosso Estado.
— Para o governo?
— Sim, como havíamos tratado ao telefone.
— Mas, para o governo? Jesus disse: ‘A César o que é de César e a Deus o que é de Deus.’ Política e religião não se misturam. A relíquia não vai! Esquece (…)
Para assegurar que traria as relíquias da Santa, Monsenhor Angelos submeteu-se a uma rigorosa sabatina, sendo questionado por cerca de 20 monges da comunidade monástica, do mais jovem ao mais idoso. Um ancião perguntou: — Onde se situa este país, quanto tempo de viagem até aqui? Outro, recém-convertido, quis saber dos riscos para a relíquia: — Como podemos ter a certeza de que não farão mal uso da relíquia? Nada sabemos sobre este governo. Monsenhor teve um rápido lampejo e soltou a resposta. — Na capital, Florianópolis, temos um Mercado Público Municipal. Ali, árabes, gregos, coreanos convivem felizes e harmonicamente com brasileiros. Povos do mundo inteiro, são vizinhos, conversam e, no fim do expediente, comem alguma coisa juntos. Perplexos, perguntaram: — Isso existe mesmo? E, assim, o abade do Monastério reconheceu a habilidade discursiva de Mons. Kontaxis, mas quis ainda testar sua fé na Santa. Pois bem, propôs-lhe, então uma missão: —O senhor subirá ao Monte Sinai, lá onde Moisés recebeu as tábuas dos Mandamentos, e trará de lá uma pequena pedra. Já com idade de 76 anos, ajudado por uma bengala para não abusar da artrose, Mons. Kontaxis subiu o Monte e trouxe, não apenas a pedrinha para o abade, mas também uma para o Brasil, conservada na capela com as relíquias da Santa, no Tribunal de Justiça de Santa Catarina. Encontra-se, portanto, ao lado do ícone que porta a relíquia. O ícone foi abençoado e pintado à mão por monges do monastério e guarda um pedaço da quinta costela direita da santa, com 1709 anos de idade.
Para recebê-la com a devida dignidade e reverência, conforme pedido do abade, o então presidente do TJSC, Dr. Francisco Xavier Medeiros determinou a construção de uma capela ecumênica em um território neutro onde estaria guardada em segurança a relíquia. Em agradecimento, o monastério enviou a terceira relíquia, um pedaço considerado gigante da quinta costela direita da santa, do tamanho aproximado de uma unha.
Nota:
(1) O nome de Santa Catarina foi dado em 1526 pelo navegador Sebastião Caboto. Teria sido uma homenagem a sua esposa que se chamava Catarina e também porque era 25 de novembro, dia de Santa Catarina de Alexandria. Os principais historiadores, como Humberto Correa, Walter Piazza e Osvaldo Cabral concordam com esta versão. Depois toda a província foi chamada de Santa Catarina.
Fonte: Com informações e fotos do Portal TJ SC | Textos/Pesquisa: Gustavo Lacerda Falluh | Fotos/Reproduções: Heloísa Medeiros
Apolitíkion de Santa Catarina de Alexandria