130 anos da imigração grega para Florianópolis

Cronologia associada a fatos históricos e catarinenses acerca da Colônia Grega em Florianópolis.

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♦ 1883: O Capitão Savas Nicolau Savas chega pela primeira vez ao continente sul-americano. Ao regressar de Montevidéu, visita a Ilha de Santa Catarina e deixa alguns gregos em Desterro.

♦ 1885: João Pandiá Calógeras realiza pesquisas geológicas no Estado de Santa Catarina.

♦ 1887: O Capitão Savas deixa a Grécia com destino à América do Sul, pela segunda vez. Permanece um ano em Viena do Castelo (Portugal), onde aprende o idioma português.

♦ 1889: O Capitão Savas Nicolau Savas voltou à Ilha de Santa Catarina, para fixar residência em Desterro, atual Florianópolis. Traz consigo seus pais, Nicolau e Eudoquia Savas, seu irmão Miguel Savas e seu cunhado médico, Dr. Constantino Nicolau Spyrides. Prossegue sua viagem até Montevidéu e Buenos Aires. Em Buenos Aires, vende o seu navio, Lefki Peristerá (Pomba Branca). A 15 de novembro, propagou-se por toda a província a noticia da Proclamação da República, no Rio. Santa Catarina adere à República, a 17 de novembro. A 24 de novembro, a junta governativa da província de Santa Catarina passa o governo ao tenente Lauro Severiano Müller.

♦ 1890: Com sacrifício e persistente esforço, o Capitão Savas consegue atrair inúmeras famílias gregas de Kastelorizon. Chegam a Desterro Estefano Savas, outro irmão do Capitão Savas, Agapito Iconomos e Nicolau Tzelikis, para comandar os vapores de propriedade do Capitão Savas.

♦ 1891: Em dezembro, o Palácio do Governo é cercado e atacado por manifestantes do partido federalista de oposição. O Capitão Savas Nicolau Savas, juntamente com o Sr. Raul Tolentino, entram no Palácio do Governo, acompanhados de seis operários da empresa do Capitão Savas e garantem a retirada do governador Lauro Severiano Müller de dentro do Palácio, que, constrangido, renuncia, entregando o Governo ao major Firmino Lopes Rego.

♦ 1892: O Capitão Savas é nomeado Cônsul da República Argentina no Brasil. Torna-se correspondente do jornal “La Prensa” de Buenos Aires. Estabelece-se em Desterro com casa comercial, e abre filiais em Paranaguá, no Estado do Paraná, em Montevidéu e Buenos Aires.

♦ 1893: A 6 de setembro, surge a Revolta da Armada. Grande parte da esquadra nacional, sob a chefia do almirante Custódio José de Melo, revoltou-se contra o governo federal. Em dezembro, as forças rebeldes chegam a Santa Catarina. Os vapores Tagus, Vesuvio e Nuevo Harinero, de propriedade do Capitão Savas, fazem o serviço comercial de exportação de produtos nossos à Argentina. Os produtos importados de Buenos Aires, além do consumo na ilha de Santa Catarina, são distribuídos por três patachos, de propriedade do Capitão Savas, aos portos de Itajaí, Laguna e São Francisco.

♦ 1894: A 17 de março, Desterro rende-se às forças legais. Ocupa o governo, a 20 de março, o comandante do 7º batalhão de Infantaria, Coronel Antônio Moreira César. Personalidades civis e militares de ambas as facções políticas, tendo ou não participado da revolução, são presos e fuzilados, sem julgamento sumário, nas fortalezas de Ratones e de Santa Cruz, na ilha do Anhatomirim. O Capitão Savas Nicolau Savas, Cônsul da República Argentina no Brasil, com a ajuda de seus vapores com a bandeira da Argentina, salva dezenas de civis e militares que se encontravam encurralados ou escondidos no interior da llha de Santa Catarina, e deixa-os em liberdade em Buenos Aires.

♦ 1895: Em face da decadente densidade demográfica na Ilha de Santa Catarina, o governador Dr. Hercílio Pedro da Luz promove a sua colonização, concedendo um lote de 5 a 10 hectares, a preço módico e a prazo de dez anos sem juros, aparelhamento agrário e garantia de subsistência, até a primeira colheita. Isto porque os elementos nacionais e estrangeiros instalam-se preferentemente em terra firme, ou seja, no continente.

♦ 1896: A 18 de outubro, o Capitão Savas inaugura o serviço de navegação a vapor, unindo a capital à vizinha cidade de São José. O vapor “Aida” sai do trapiche Hoepcke, com destino a Coqueiros e São José, levando a bordo o Sr. Abílio de Oliveira, representante do governador Dr. Hercílio Pedro da Luz; o coronel Antônio Moreira César, comandante da guarnição; tenente coronel Henrique M. de Abreu e Major José Maria dos Santos Carneiro Júnior, superintendentes municipais desta capital e de São José e outras autoridades. O Capitão Savas compra a “ilhota da Saudade”, em Coqueiros, para atracar seu rebocador “Aida”.

♦ 1900: O Capitão Savas inicia o serviço de diligências, entre Florianópolis e o município de Palhoça. Mantém o serviço de travessia da ilha de Santa Catarina ao continente (Estreito), para transporte gratuito de seus operários, familiares e trabalhadores.

♦ 1901: O Capitão Savas adquire dos Estados Unidos um motor movido a gasolina, que é usado no rebocador, a fim de transportar gratuitamente qualquer cidadão entre a ilha e a ilhota da Saudade, em Coqueiros no continente. Torna-se proprietário de grande área de terras, nas proximidades da Tapera e Ribeirão da Ilha, o vastíssimo campo da Ressacada, que, posteriormente, veio a ser a sede da Associação Catarinense de Hipismo e, ultimamente, o atual Aeroporto Hercílio Luz. Procura incrementar a criação de gado bovino e ovino e de cavalos puro sangue, vindos da Argentina. Prossegue nesta atividade até o ano de 1913, desenvolvendo a criação do gado mestiço e de ovelhas de raça Lincoln.

♦ 1904: O vapor Tagus incendeia em Paranaguá, pouco após o vencimento do seu seguro, antes de sua renovação, abalando as finanças de sua empresa. Não demorou muito, e novo infortúnio sobreveio, quando o vapor Neuvo Harinero perde o leme em alto mar.

♦ 1905: Adquire a vastíssima fazenda “Tabuleiro”, atual reserva ecológica do estado, na baixada do Massiambu, que a denominou de “Parnaso”. Compreende uma área de 49.905.100.00 metros quadrados, situada no antigo município de Palhoça, entre Vargem do braço, Teresópolis, Capivari e indo além de São Bonifácio. Desenvolve ali a criação do gado bovino de raça.

♦ 1912: Oferece-se para lutar pela Grécia, alistando-se como voluntário, o que não foi aceito pelo primeiro Ministro da Grécia, Eleftério Venizelos, em face de sua avançada idade. Trinta famílias de gregos chegam a Florianópolis, vindos de Kastelorizon, a convite do Capitão Savas, onde passaram a trabalhar em suas propriedades e sobre tudo, em Serraria, em Massiambu.

♦ 1916: O Sr. João Pandiá Calógeras, neto do Grego João Batista Calógeras, é investido no cargo de Ministro da agricultura, no governo do Sr. Venceslau Brás.

♦ 1917: O Capitão Savas ocupa o cargo de “Canciller del Consulato General de la República Argentina”, no rio de Janeiro, onde presta relevantes serviços.

♦ 1919: O Sr. João Pandiá Calógeras é empossado no cargo de Ministro da Fazenda. Após, foi o primeiro civil a ocupar o Ministério da Guerra, numa inovação do Governo de Epitácio Pessoa.

♦ 1926: A 2 de outubro o Capitão Savas vem a falecer em Desterro, na residência do seu sobrinho, Sr. Miguel Atherino, comerciante na Capital. Aos seus funerais compareceram o Sr. Abelardo da Fonseca, oficial de Gabinete do Governador Adolfo Konder, representantes de todas as classes sociais, a Diretoria da Associação Helênica de São Constantino, membros da colônia grega e representantes do alto comércio. Deixa um filho, o Sr. Miguel Savas.

♦ 1926: A 9 de outubro, em Blumenau, o Dr. Victor Konder, Secretário da Fazenda, Viação, Obras Públicas e Agricultura, manifesta seu pesar pelo falecimento do Capitão Savas, “cujo nome se acha vinculado ao desenvolvimento do nosso estado”.

♦ 2008: A 2 de fevereiro, em Florianópolis, o Grêmio Recreativo Escola de Samba Consulado do Samba desfila com o enredo “A epopéia de Savas – de Kastelorizón ao Desterro, tem grego na Conselheiro!” buscando o inédito tetracampeonato no desfile das escolas de samba de Florianópolis, organizado pela LIESF.


Fonte: Livro: Os Gregos no Brasil – 1983 – Savas Apóstolo Pítsica