ÍCONE, «Janela para a Eternidade»

A PALAVRA o inspira e evangeliza; a IMAGEM que visibiliza a palavra bíblica e leva aos olhos o que a palavra transmite ao ouvido; a ORAÇÃO, prece litúrgica na que ressoa a voz da Igreja e se consuma a comunhão dos Santos num mesmo e único Espírito …

A frase, propositadamente repetida, não é um slogan: através do ícone o divino nos ilumina. A luz é o atributo principal da glória celeste e os ícones representam os habitantes do Reino, contempladores da luz incriada, pela qual se deixam penetrar até se tornarem esplendorosos, como indica o nimbo ao redor de seus rostos (os nimbos não são, como as auréolas ou as coroas, simples sinais da santidade).

O ícone, visto com os olhos do coração iluminados pela fé, nos abre para a realidade invisível, para o mundo do Espírito, para a economia divina, para o mistério cristão na sua totalidade ultraterrena. É lugar teológico, antes, “teologia visual”, como muitos já disseram.

O ícone é inspirado e sagrado de modo específico, símbolo que contém presença, cujo tempo, espaço e movimento não são representados pela percepção comum. A própria laconicidade de seus traços nos remete para uma mensagem de fé, a “visão do Invisível”, para empregar as palavras de São Paulo (Hb 11,1).

«O ícone se afirma independentemente do artista e do espectador e suscita não a emoção, mas a vinda do transcendente, cuja presença ele atesta. O artista se esconde atrás da Tradição que fala. A obra torna-se uma manifestação de Deus, diante da qual devemos nos prostrar num ato de adoração e de oração». [4]

Poder-se-ia continuar muito mais, tentando precisar bem o que é o ícone, mas os orientais não gostam de definir; pelo contrário – observa um deles – é necessário não definir! Portanto, procuremos descobrir pessoalmente o que é o ícone…

No recolhimento e no silêncio, os olhos se abrem para a luz da Transfiguração e seremos naturalmente conduzidos pela força do Espírito à luz do ícone, a fim de contemplar não só a face de Jesus, mas também a luz da verdade divina (pp. 20s).


[4] P. Evdokimov, [teólogo ortodoxo] La connaíssance de Dieu dans la tradition iconographique, in Unité Chrétienne, nn. 46-47, Lyon, 1977, p. 60. Extraído de: «Pergunte e Responderemos» – 456 – pp. 219-225), por Dom Estevão Bittencourt.

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